Nos últimos anos, houve um aumento expressivo da adoção de cloud computing no universo corporativo.

Governança em Nuvens

O crescimento se deve especialmente à variedade de benefícios oferecidos pelos serviços em nuvem combinada ao forte desenvolvimento dos atuais fornecedores, entre eles, agilidade, flexibilidade e redução de custos.
A tendência é que cresça a demanda por serviços capazes de implantar recursos em nuvem. As empresas querem enterrar por completo a necessidade de sistemas.
Entre as que já têm plataformas baseadas em nuvem, os benefícios percebidos em um curto período de tempo incluem implantação rápida, experiência amigável, mínima infraestrutura de apoio de TI, upgrades automáticos, entre outros.
Para lidar com os desafios resultantes do crescente volume de informação em diferentes formatos gerados tanto no sistema tradicional de TI como no armazenamento em nuvens, é necessária uma abordagem nova e avançadas tecnologias. Organizações devem controlar toda a informação que geram e que fica distribuída em sistemas de gestão de conteúdo, base de dados, depósitos físicos, desktops, compartilhamentos de rede, arquivos de backup, nuvens e, até mesmo, nos computadores e celulares particulares de funcionários.
Tecnologias com uma política central flexível, capazes de gerenciar os muitos desafios de complexos ambientes de governança associados, serão aquelas que permitirão às empresas usarem suas informações de maneira estratégica.
Programas de governança são muitas vezes instalados internamente nas empresas, pois demandam infraestrutura de TI dedicada, e acabam quase sempre competindo com outros importantes projetos de TI, que são as mídias sociais e móveis.
A governança em nuvem elimina a dependência de recursos de TI e permite governança consistente em todos os tipos de repositórios, presenciais ou em nuvem. Políticas refletem exigências jurídicas e de negócios para que a informação seja automaticamente gerenciada e usada de forma apropriada. Não há mais necessidade de ter políticas espalhadas por toda a empresa.
Um mecanismo único de política deve oferecer suporte a todos os controles de governança da organização – privacidade de dados, retenção legal, segurança, etc. As empresas são capazes de rapidamente criar um hub digital de todas as políticas de governança entre as jurisdições e locais de armazenamento de informações desde arquivos físicos até sistemas de e-mails, plataforma de mídias sociais repositório com base em nuvem, desktops, etc. As políticas constantemente se alteram devido a novas exigências comerciais, normas regulatórias, mudanças de preços, e outros. As empresas se manterão competitivas se tiverem capacidade de rapidamente atualizar e implantar essas políticas por meio de apenas um navegador comum na internet . Não há necessidade de infraestrutura de TI ou configuração prévias.

Os projetos de Governaça em Nuvens podem ser realizados como uma despesa operacional (opex) em vez de capital (capex).

Além disso, com a governança em nuvens, as empresas finalmente têm um processo e plataforma reproduzíveis que ajudam a atualizar, validar, implantar e reforçar políticas. Mudanças de políticas são sistematicamente distribuídas aos repositórios sem impactar negativamente usuários e operações. As empresas capazes de realizar isso são mais competitivas e bem-sucedidas.
Existem inúmeros estudos sobre como a implantação da tecnologia em nuvem acarreta economia para muitos negócios e equipes de TI. O tempo de implantação é bastante reduzido sem as exigências de TI e sem a manutenção contínua. Governança na nuvem tem preço mais acessível, oferece redução de custos com armazenamento e, no caso de ações legais, advogados poupam tempo significativo em pesquisas de documentos, o que também acarreta redução de custos. São bastante acessíveis em termos de custo e representam uma alternativa eficiente para o armazenamento de terabytes de arquivos que precisam ser guardados por décadas em razão de conformidade a normas, mas que não são frequentemente acessados.
É imperativo que organizações considerem implantações em nuvem para a governança se quiserem se manter à frente de seus concorrentes. Com a maturidade da cloud computing, as empresas não se preocupam mais “se” devem ir para a nuvem, e sim quais as melhores práticas para migrar e para gerir aplicações em nuvem no que tange a governança.
Em cloud computing, existem os modelos de nuvem público, privado e híbrido. É muito comum que uma mesma empresa possua diferentes aplicações em diferentes modelos de nuvem, pois cada uma atende uma necessidade diferente. É necessário entender qual a mais adequada para cada demanda.
Embora a computação em nuvem ser mais segura e simples do que um servidor local – onde supostamente uma pessoa não desejada pode ter acesso – é preciso entender quais são as políticas de privacidade do provedor e os pormenores envolvidos para garantir que aplicação está de fato no ambiente adequado e que a empresa não terá “surpresas”.
Na maior parte dos casos, vale a pena para a empresa migrar para a nuvem, pois, no longo prazo, ela obtém o retorno do investimento. Contudo, é preciso avaliar com a devida atenção se o projeto cabe no orçamento da empresa para não gastar dinheiro em um projeto desnecessário.

A equipe interna está capacitada para gerir essas novas tecnologias?

Além de capacitada, possui tempo para administrar ainda mais essas atividades?
Possivelmente, seja necessário contratar recursos extra e/ou confiar a responsabilizar em um parceiro que possua os conhecimentos e ofereça o contingente necessário.

Assim como em uma rede local, as aplicações, arquivos e informações possuem as devidas regras de acesso e restrições.

É preciso contemplar essa política e assegurar, principalmente, o acesso externo para evitar que pessoas indesejadas tenham acesso à informações sensíveis do negócio.
É vital que a mudança de tecnologia para a nuvem não impacte no andamento dos processos de negócios, pelo contrário, que agregue mais segurança e desempenho.
Uma das propostas da nuvem é descomplicar a TI. Contudo, não podemos negligenciar que a segurança muda quando as informações passam a ficar fora da empresa. É necessário monitorar os serviços, proteger contra ameaças e garantir a continuidade das informações no caso de um desastre.

Enfim, de uma forma simplista, essas são algumas práticas recomendadas, é claro que um projeto de nuvem que contemple governança envolve aspectos muitos mais profundos.

Como gerir arranjos complexos de governança, a partir de sistemas que não dependam de intermediários para atribuir confiança ao processo?

É a pergunta de toda manhã, pois atualmente temos os menores níveis históricos de confiança em instituições financeiras, como consequência da crise econômica de 2008 e dos choques pelos quais o mercado passou a partir de então. Nós também atingimos uma baixa histórica nos índices de confiança nos governos, devido às prolongadas crises políticas que ainda permanecem.
O que nos levou a essa desconfiança generalizada foi feito a partir do uso de ferramentas digitais e agora essas ferramentas estão nos ajudando também a reformar instituições.

Um Futuro para Governança chamado Blockchain

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Devemos utilizar a via tecnológica para eliminar os intermediários?

Abordagens inovadoras capazes de superar a desconfiança propiciam novos caminhos para repensar nossos sistemas de governança.

Uma dessas grandes inovações é a BLOCKCHAIN. Uma tecnologia que se baseia na criptografia para manter uma base pública de dados protegida, crescendo continuamente, imune a manipulações e revisões (até mesmo por parte de seus operadores). Uma base de dados ao estilo blockchain requer uma aplicação que permite a computadores se comunicar uns com os outros diretamente por meio de uma rede distribuída, sem que um intermediário seja necessário para assegurar o consenso das informações compartilhadas e distribuídas ao longo dos diferentes nós que a compõem.

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Sistemas de confiança estão sendo construídos para diversos propósitos, não apenas os financeiros. Exemplos hoje são:

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A arquitetura de uma blockchain é baseada na manutenção do consenso, geralmente através de algoritmos responsáveis por “provas de trabalho”, que significa resolver um problema para, então, poder adicionar informação a essa base de dados).
Essas informações têm sua validade auditada a partir da data e hora em que foram lançadas à rede.
Esse processo é baseado em funções criptográficas, assegurando um traço importante do sistema: as informações, bem como suas autenticidade e autoria, são de fácil verificação, mas é praticamente impossível fraudá-las com a computação atual.
Em resumo, a blockchain trouxe uma solução elegante ao problema que perdurava na computação distribuída por mais de 20 anos: como gerar e manter consenso entre informações contidas numa base de dados única e descentralizada, capaz de cumprir funções que antes só eram possíveis para entidades centralizadas como bancos ou cartórios.

Os projetos que contribuem hoje para seu avanço têm o código aberto e se pautam em transparência e colaboração. Esses atributos, combinados aos demais, fazem com que se trate de uma tecnologia à prova de censura, permitindo então usos inovadores como votações eletrônicas e plataformas participativas para o desenvolvimento de leis ou orçamentos públicos

Assim como o TCP/IP permitiu a evolução bem como os múltiplos usos da internet de hoje, as implementações de blockchains enquanto protocolos como alicerce abrem as portas para um conjunto de inovações disruptivas antes impossíveis.

A blockchain foi originalmente desenhada como uma ferramenta financeira e muito de seus casos de uso presentes giram em torno de benefícios econômicos. A eliminação de intermediários é um dos princípios centrais embutidos na operacionalização, retirando de cena, no nível técnico, a necessidade de uma terceira parte que atribua confiança a transações ou contratos entre duas partes. Desse modo, é como se A negociasse diretamente com B, sem a necessidade de qualquer outro agente externo para que isso ocorra com segurança e eficiência. Sendo assim instituições centralizadas como os bancos estão obsoletas.

Poderiam algumas dessas aplicações revolucionar a forma como pensamos sobre as instituições de uma perspectiva social?

Dentre os mais interessantes serviços criados em cima da blockchain está o OriginalMy, concebido pelo brasileiro Edilson Osório, trata-se de uma espécie de “cartório digital” que arquiva online, de maneira privativa, segura, confidencial e inviolável, um registro único e exclusivo que garante a existência e a autenticidade de quaisquer documentos, inclusive assinando e validando contratos, comprovando sua integridade através de um certificado digital criptográfico que pode ser utilizado como prova legal. O OriginalMy foca na confidencialidade, integridade e disponibilidade das informações e ainda na autenticidade e legalidade para que garanta a segurança do usuário, fornecendo ferramentas que possam ser aceitas facilmente pela justiça brasileira.

Projetos como esse podem levar a reconsiderações importantes sobre governança, pois atribuições tidas como básicas e exclusivas de autoridades públicas ou terceiros credenciados, serão a curto prazo atribuições de comunidades autônomas com gestão compartilhada e custos absurdamente reduzidos em torno de atividades comuns como as descritas até aqui, a blockchain pode acelerar significativamente o fluxo de inovações sociais nos próximos anos.

Isso tudo também abre portas para o engajamento de diferentes stakeholders, na forma mais direta e pertinente possível. Muitos desses stakeholders serão cidadãos comuns rodando nós de redes blockchain, uma vez que o ônus de estar constantemente monitorando e validando esses sistemas não mais recairá sobre uma entidade central que aja como intermediária ou garantidora de última instância.

Ganhos financeiros à parte, o potencial da tecnologia blockchain reside em sua capacidade de oferecer serviços transparentes, livres de censura ou discriminação de uma maneira descentralizada / distribuída para finalidades amplas; a partir do acesso mais equilibrado e tranquilo a um conjunto de instituições digitais (que permitem realizar votações, pagamentos, contratos, etc) cuja infra-estrutura irá revolucionar nossa forma de entender e construir ferramentas participativas.

Como nós iremos guardar e gerir informações a partir de agora, uma vez que a tecnologia blockchain está aí, tornou-se uma questão de princípios de governança e tomada de decisões, baseadas em um consenso público e inviolável, por ser construído e mantido de forma distribuída.